quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Grunge: de Seattle para o mundo

O grunge foi o ultimo grande movimento ‘anti-moda’ que o mundo conheceu. Foi marcado por uma cena musical totalmente independente. Surgiu no final dos anos 80, na cidade portuária de Seattle no Noroeste dos EUA. Região conhecida pelo grande número de assassinos em série, histórias de aparições de óvnis e ocultismo, sem esquecer também do fato de ser um local onde chove aproximadamente 200 dias por ano. Sem ter muito que fazer durante os longos dias de chuva, os jovens de Seattle se tornaram cada vez mais angustiados e a sensação de confinamento era tão grande que era impossível que algo não fosse acontecer, ou bom ou ruim.

Performances enérgicas e cruas


SoundGarden: Considerada pioneira no movimento

Assim como o punk, o grunge nasceu no underground, mas não possuíam os aspectos contestatórios do punk, nem muito menos as roupas espalhafatosas e maquiagem. A inspiração vinha da classe que estava escondida por trás de todo aquele estilo de vida yuppie que a cidade possui: a classe operária. A estética grunge era marcada pelo desleixo, e não dava espaço para teatralidades. Isso se refletia bastante nas performances das bandas, que dispensavam grandes produções e o foco era sempre a música. O visual era composto por roupas largas e sobrepostas, calcas rasgadas, tênis all stars ou botas militares, e a peça mais característica do movimento: as camisas xadrez de flanela, chamadas de camisa de lenhador.

Alice in Chains: ao lado do SoundGarden, Pearl Jam e Nirvana são os maiores representantes do Grunge

Nirvana: o maior ícone do movimento

O grande responsável pela popularização do grunge foi Kurt Cobain, líder da banda Nirvana. Seu hit “Smells like a teen spirit”, um hino dos anos 90, tirou o grunge dos inferninhos úmidos de Seattle e transformou o movimento em um fenômeno mundial. A crueza e agressividade do som eram uma resposta aos exageros e ostentações do Glam Rock e de tudo que era moda nos anos 80. A realidade tediosa da juventude de Seattle não dava espaço para letras vazias e artificialismo. O álbum Nevermind do Nirvana foi a prova concreta da viabilidade comercial do rock alternativo e musica com conteúdo. 

Capa do álbum Nevermind: Transformou o Nirvana e o grunge em um fenômeno mundial

Não demorou muito para a moda incorporar o movimento. Além da música, o grunge tornou-se um estilo revolucionário também na moda. O desleixo tomou o lugar do luxo. E diversos estilistas foram buscar referência ao que antes era considerado inadequado, e como um soco no estômago o mercado foi invadido por blusões sujos, calças rasgadas e cabelos que há muito tempo não viam um shampoo.

Camisa de flanela, calça rasgada e tênis sujos

O visual junkie e decadente ditou até o ideal de beleza das modelos. Foi o fim da era das super modelos de corpos perfeitos como Cindy Crawford e Cláudia Shiffer, que deram lugar às meninas extremamente magras e com aparência de quem estavam prestes a sofrer uma overdose. O grande ícone dessa onda chamada de Heroin Chic, é a super magra modelo Kate Moss.

Cindy Crowford: Ideal de beleza dos anos 80

Kate Moss: Heroin Chic

Junkie: Kate Moss fumando durante desfile

O que torna o grunge um movimento único é exatamente ser a realidade de um local específico. Os sentimentos de amargura, angústia e depressão apresentados em seus riffs de guitarras e versos só são fielmente produzidos por quem viveu aquela situação específica de Seattle. Por esse motivo eles não acreditavam que existia uma cena, era na verdade um todo e a essência do grunge não estava nas roupas dos músicos e sim no estilo de vida. As bandas não pregavam um padrão de comportamento, mas faziam parte do mesmo lado excluído da sociedade de Seattle

Editorial de moda: Grunge de grife



O declínio do movimento começou com o suicídio de Kurt Cobain, em abril de 1994. O estilo já estava popularizado, e para os seguidores a “fama” destruía o que era real para eles e o que a música representava, no momento em que se transformava em mercadoria.

Pearl Jam


Por volta de 1997 a banda pioneira do movimento, o SoundGarden, se dissolveu e encerrou o grunge como gênero musical popular. Bandas como o Pearl Jam continuam até hoje gravando e fazendo turnês, com menos sucesso, mas com a mesma pegada da época. Esse estilo tornou as letras das músicas algo mais pessoal, mas ainda de interesse comum, mudando o comportamento de jovens e a história do rock. E mesmo hoje, 20 anos depois, continua influenciando bandas do mundo todo, mas que são apenas rabiscos perto daquele que foi um dos maiores movimentos da história da música.


A seguir um trecho do documentário Hype! de 1995. No vídeo abaixo depoimentos de personagens que fizeram parte da "cena" contando como as coisas ficaram fora de controle.


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